sábado, 30 de julho de 2011

IBAMA MULTA FAZENDEIRO QUE EXIBIA CABEÇA DE ONÇA COMO TROFÉU EM JACAREACANGA

O Ibama multou em R$ 5 mil, um matador de onça em Jacareacanga, a 400 km de Itaituba, no sudoeste do Pará. O homem, que é dono de uma fazenda de gado no município, chegou a cortar a cabeça de um felino e manter a peça exposta como troféu na entrada da propriedade. “A cena era chocante, as pessoas conviviam normalmente com a decapitação do animal”, disse o coordenador da operação Disparada, Raphael Fonseca, cuja equipe chegou à sede da fazenda para investigar a autoria de um desmatamento na região.
Depois de apreender e examinar a cabeça, o Ibama descobriu que o animal abatido pelo fazendeiro era uma onça preta, variação melânica da “Panthera onca“, espécie ameaçada de extinção e protegida pela Convenção do Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). Além da multa do Ibama, o responsável pelo crime ambiental poderá ser condenado de seis meses a um ano de detenção pela Justiça.

DECRETADA A PRISÃO PREVENTIVA DOS TRÊS ACUSADOS PELO ASSASSINATO DO CASAL DE EXTRATIVISTAS EM NOVA IPIXUNA

José Rodrigues Moreira, 42 anos, acusado de ser um dos mandantes 
do assassinato do casal de extrativistas
em Nova Ipixuna, em 24 de maio
Juiz Murilo Lemos Simão acatou a denúncia formulada na véspera pelo Ministério Público e determinou os procedimentos necessários à tramitação processual
 
O juiz Murilo Lemos Simão, titular da Vara de Violência Contra a Mulher da Comarca de Marabá, proferiu nesta quinta-feira, 28 despacho nos autos provenientes do inquérito policial sobre o assassinato do casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, ocorrido em Nova Ipixuna. Em sua decisão, o magistrado manda citar os acusados José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento para responderem em 10 dias à acusação, acolheu a denúncia do Ministério Público, decretou a prisão preventiva dos três e determinou as demais providências correspondente à tramitação processual.
 

EM ALTAMIRA, LUTA POR MORADIA E CONTRA BELO MONTE REÚNE MAIS DE MIL PESSOAS


pare belo monte
Cerca de mil pessoas protestaram hoje, em Altamira (PA), contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu. Os manifestantes, provenientes das três ocupações urbanas de sem-teto surgidas nos últimos dois meses em Altamira, reivindicaram a garantia de moradia para todas as famílias sem teto da região e o fim do projeto da barragem. O bispo Dom Erwin Krautler, da Prelazia do Xingu, esteve presente no ato.

“Este foi o grito das famílias já expulsas por Belo Monte”, conta a coordenadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antonia Melo. “O consórcio Norte Energia já deu início às obras de Belo Monte com a construção de alojamentos, mas ainda não cumpriu nenhuma das condicionantes previstas em lei para mitigar os impactos que a obra terá sobre a população local. Não é a toa que as pessoas estão com medo de perder tudo o que tem por causa da barragem”.

Cerca de 1.200 famílias já estão ocupando lotes – em geral, de 50 ou 60 metros quadrados – de terrenos em desuso da cidade. No entanto, o problema deve se estender para outras cinco mil famílias moradoras dos chamados ‘baixões’, bairros mais pobres da cidade que seria alagados pela barragem.

manifestacao belo monte nao

A marcha, organizada pela Frente de Resistência Contra Belo Monte (1), cruzou a cidade da periferia ao centro. No percurso, foram realizadas duas paradas principais: na Caixa Econômica Federal, onde foi entregue à gerência local a pauta de reivindicações sobre moradia para o Governo Federal; e na sede da Norte Energia, empresa responsável pela construção da usina.

Para o coordenador regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Moisés da Costa Ribeiro, a manifestação teve um saldo positivo: “Além de darmos mais uma demonstração de resistência, queremos mostrar que Belo Monte está longe de ser um fato consumado como o governo tenta fazer crer através de documentos, licenças e coletivas de imprensa”, conclui.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

BELEM: ESTUDANTES FAZEM PROTESTO CONTRA BELO MONTE

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJae36izYZAH4g5mOjLPliFnIc3s0u6Y20_jr3VVx1p-KAdmju5gtRcygRdWd6ptZErhVaAlCvYPyPIQXJBCaaORquH9z0b0WNDpKVYSHiVqD7NUfY2Jz5q3ZzOWJLkGGG7S8miZEBueM/s1600/ato+contra+belo+monte.jpg
Cerca de mil estudantes dos cursos de Comunicação Social e Agronomia realizam um ato simbólico, nesta quinta-feira (28), contra a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, 

De acordo com o estudante de jornalismo, Júlio Miragaia, o ato conta com o apoio do comitê 'Xingu Vivo'. 'Vamos aproveitar que está tendo um encontro dos estudantes de Comunicação Social na UFPA e encontro dos estudantes de Agronomia na Ufra e unir forças contra Belo Monte. O pessoal do comitê também terá o nosso apoio', conta o estudante. A caminhada sai de frente da Basílica de Nazaré, no bairro de Nazaré, e segue até a Praça da República, na Avenida Presidente Vargas. 'Este é um ato nacional contra Belo Monte', finaliza Júlio.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

JN NO AR VAI MOSTRAR A SITUAÇÃO DAS ESTRADAS EM MARABÁ, NO PARÁ



A cidade tem a pior ligação rodoviária do Brasil, segundo a Confederação Nacional dos Transportes. Serão mostrados trechos de outras rodovias com grande movimento, mas em situação de abandono.

Uma das consequências da crise no Ministério dos Transportes é a interrupção na licitação de obras. Não só para as ferrovias, mas também para as rodovias.

A situação das estradas é tema de mais um JN no Ar. A repórter Claudia Bomtempo vai sair de Brasília e, junto com a equipe do JN no Ar, vai para Marabá, no Pará. A cidade tem as piores ligações rodoviárias do Brasil, segundo a avaliação da Confederação Nacional dos Transportes.

A reportagem vai mostrar trechos de rodovias com grande movimento e que estão em uma situação de abandono, sem obras de manutenção, sem projetos de modernização. Na sexta-feira, a parada será na Região Sudeste. A reportagem no Pará será realizada com o apoio da afiliada da Rede Globo no Pará, a TV Liberal.

LUZ PARA TODOS CHEGA À REGIÃO DA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE

Ministério autoriza celebração de contratos para eletrificação rural em municípios na área de influência da usina.
Crédito: GettyImages
O Ministério de Minas e Energia autorizou nesta quarta-feira (27/7) a celebração de contratos do programa Luz Para Todos, do governo federal, na área de influência da hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no rio Xingu, no Pará. Uma portaria publicada no Diário Oficial da União coloca os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Placas, Morto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu entre a lista dos que receberão obras de eletrificação rural. As obras fazem parte do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS Xingu), mas terão liberação de recursos e trâmites de aprovação e celebração de contratos igualadas aos demais empreendimentos no âmbito do Luz Para Todos. Veja no diario oficial da união clicando aqui

CINEMA: DOCUMENTÁRIO CONTRA A CONSTRUÇÃO DE BELO MONTE CONQUISTA PÚBLICO



Dirigido pelo espanhol Damià Puig, o filme percorre cidades ribeirinhas que serão direta ou indiretamente afetadas pelo represamento do rio, e colhe depoimentos de moradores, agricultores e indígenas que habitam ou trabalham na região. Também ouve especialistas da áreas ambientais, técnicos e sociais sobre o projeto polêmico, que ganhou licença do Ibama mês passado depois de diversos confrontos do governo com o órgão, que resultou na troca de sua diretoria.

“Antes de Belo Monte, a nossa região vivia abandonada, esquecida pelo estado e pelos políticos. Só lembraram da gente quando precisaram de energia para alimentar a indústria que exporta os minérios da região para o exterior”, protestou Juma Xipaia, jovem índia da tribo xipaia e presidente da Associação dos Indígenas Moradores de Altamira-PA (Aima), durante a coletiva do longa-metragem produzido pelo brasileiro Rafael Salazar.  

Personagem do documentário de Puig, Juma já havia conquistado a plateia que lotou o Theatro Municipal de Paulínia para a primeira projeção de À margem do Xingu, na noite anterior. “Não tenho qualquer pretensão de fazer carreira pública. A política brasileira é corrupta e muito suja. Nosso trabalho (de resistência) é o que me fortalece. Estou feliz por poder estar aqui representando a minha aldeia, lá de Tucamã”, contou Juma.

Concluído em janeiro de 2010, no momento em que a licença prévia que permitiria o leilão da usina de Belo Monte tramitava no Congresso, o documentário amplia o debate sobre o represamento dos rios amazônicos para a construção de hidroelétricas e o impacto delas no meio ambiente. À margem do Xingu também será exibido em comunidades da região amazônica, cineclubes, universidade, escolas e eventos relacionados a problemática ambiental.
Veja o trailer do filme abaixo

PROJETO VAI PROMOVER RECOMPOSIÇÃO FLORESTAL EM MEDICILÂNDIA E BRASIL NOVO


O projeto Roça sem Queimar entra em nova fase e vai trabalhar na promoção da recomposição florestal, aliando preservação ambiental com a produção de alimentos e geração de renda.

O projeto, que completa 11 anos levando alternativas sustentáveis ao uso do fogo nas propriedades dos municípios paraenses da região da BR Transamazônica, vai investir R$ 427 mil no Roça 3, nos municípios de Medicilândia e Brasil Novo, maiores produtores de cacau do Pará.

O programa será desenvolvido pelos sindicatos de trabalhadores rurais dos dois municípios, em parceria com a Embrapa, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Universidade Federal do Estado do Pará e Emater.

Com base na dinâmica da floresta, o objetivo do Roça 3 é plantar na mesma área espécies agrícolas junto com castanheira, seringueira, açaizeiro, cacaueiro e laranjeira, aproveitando o potencial extrativista dessas espécies.

“Dessa forma, a gente cria o ambiente propício para essas espécies, em que cada árvore tem seu papel, assim como na floresta”, explica um dos idealizadores do projeto Roça sem Queimar, o técnico agrícola Francisco Monteiro.

“Sem o uso do fogo a gente protege o solo, e a vegetação da área do roçado vira adubo, o que serve como controle biológico, evitando pragas”, completa Monteiro. Ele sempre testa na própria fazenda antes de divulgar suas novas tecnologias de produção sustentável.

O Roça 3 começou a ser colocado em prática no final de 2010, quando foram plantadas mais de 100 mil mudas de espécies florestais e agrícolas. Elas foram plantadas em um hectare de 60 fazendas selecionadas em Medicilândia e Brasil Novo. Com base em princípios agroecológicos, o Roça sem Queimar substituiu os usos de insumos químicos e do fogo na propriedade.

“Nós pudemos observar nas experiências anteriores que a amêndoa do cacau, por exemplo, tinha uma melhor qualidade e algumas pragas como monalônio não atacavam as árvores em que executamos das áreas onde não foi usado o fogo”, conta o técnico agrícola.

terça-feira, 26 de julho de 2011

INCÊNDIO DESTRÓI CAMINHÕES E PARTE DE POSTO EM ITAITUBA

Um incêndio assustou os motoristas que trafegam pela rodovia BR-163, em Itaituba, no oeste paraense, na noite da segunda-feira (25). Dois caminhões que estavam estacionados em um posto de combustíveis ficaram em chamas e tiveram perda total. Por pouco as labaredas não atingiram as bombas de gasolina, mas o telhado do posto foi parcialmente derretido. Ninguém saiu ferido.



De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio foi no estacionamento do posto Campo Verde, localizado no km 30 da rodovia BR-163, na comunidade de Miritituba. A suspeita é que o incêndio tenha começado em um dos caminhões e passado para o outro, que estava estacionado às suas proximidades. 'O que suspeitamos é que tenha ocorrido o superaquecimento do freio de um dos caminhões e que isso tenha provocado o incêndio e que, com o calor forte, tenha se propagado para o outro veículo', explicou o oficial de comunicação do Corpo de Bombeiros, coronel Roger Teixeira.
 


A altura das chamas atingiu até a cobertura do posto de combustíveis, que é de telhas brasilit, que foram parcialmente derretidas. Os bombeiros tiveram dificuldades em combater o fogo devido a problemas de deslocamento. 'Como essa comunidade fica do outro lado do rio, ficamos dependendo da balsa', informou o oficial. Enquanto a viatura do Corpo de Bombeiros não chegava, foi preciso apoio do Exército, que cedeu um caminhão pipa para fazer o combate às chamas.

Apesar da proporção e da dificuldade de deslocamento para o combate ao incêndio, as chamas foram controladas antes de chegar às bombas de combustível e ninguém ficou ferido.

Segundo explica o coronel Roger, como o fogo não atingiu o posto, somente os veículos, a perícia dos mesmos fica a cargo dos proprietários, que devem acionar o Centro de Perícias Renato Chaves. O posto voltou a funcionar normalmente nesta terça-feira (26), mas deve passar por uma vistoria dos bombeiros. 'Nessa vistoria vamos verificar se ele está de acordo com as normas de combate a incêndio', explicou o bombeiro.
Redação Portal ORM
Fotos: http://itaitubahoje.blogspot.com/

EXPANSÃO DO AEROPORTO DE ALTAMIRA

As operações logísticas de Belo Monte envolverão a ampliação do aeroporto de Altamira. O consórcio Norte Energia está em contato com a Infraero, que deverá colocar uma licitação no mercado ainda este mês para contratar as obras de ampliação do aeroporto. Preparado para receber apenas aviões de pequeno porte, como turboélices, o aeroporto terá sua pista aumentada para receber aviões do porte de boeings. A mudança será necessária para atender, principalmente, o fluxo constante de pessoas que transitarão pelo aeroporto nos fins de semana, já a partir do ano que vem.

No terceiro ano da obra, quando Belo Monte tiver 22 mil funcionários em operação, o consórcio Norte Energia prevê que, semanalmente, serão necessários até oito aviões de grande porte pousando em Altamira. Apesar do esforço do consórcio para contratar o maior número possível de pessoas da região, a Norte Energia calcula que cerca de 1,8 mil pessoas, em média, transitarão pelo aeroporto por fim de semana, entre idas e vindas.

"Hoje a capacidade que existe não atende. Numa sexta feira o aeroporto transporta pouco mais de 300 passageiros, mas vamos precisar de mais de 500 passagens só nesse dia", diz Luiz Fernando Rufato, diretor de construção do consórcio Norte Energia.

O consórcio já está negociando com companhias aéreas a criação de uma rota regular de voos de grande porte até Altamira. Entre as empresas que já foram consultadas estão TAM e Gol. "Não vamos comprar avião e fazer linha aérea. Teremos um fluxo regular de pessoas na cidade. É natural que as companhias aéreas se interessem em operar o trecho", comenta Rufato.

O transporte aéreo é uma dos benefícios mais recentes - e caros - que os trabalhadores de obras isoladas conquistaram. Em Belo Monte, haverá funcionários que viajarão a cada 45 dias. Outros viajarão a cada seis meses. Há um período de viagem para cada tipo de ocupação.

A dificuldade de acesso à região chega a dificultar, inclusive, a própria reforma do aeroporto de Altamira. Segundo Rufato, recentemente a Infraero chegou a colocar um edital no mercado para contratar uma empreiteira, mas a licitação não atraiu ninguém. A dificuldade de abastecimento de brita na região e o custo de mobilização de trabalhadores minaram o interesse das construtoras na obra. Rufato diz ter conversado com empreiteiras para estimular a entrada das empresas na nova licitação.

sábado, 23 de julho de 2011

DESMATAMENTO COM 'CORRENTÃO' É FLAGRADO EM FAZENDA EM SÃO FÉLIX DO XINGU

Na imagem acima, trator apreendido pelos agentes do Ibama. Abaixo, o correntão estendido no terreno, visto do alto. (Foto: Luciano Dias - Ibama / Divulgação) 
Na imagem de cima, trator apreendido pelos agentes do Ibama. Abaixo, o correntão estendido no terreno, visto do alto. (Foto: Luciano Dias - Ibama / Divulgação)

Um desmatamento ilegal com uso de "correntão" (corrente com elos grandes puxada por dois tratores para derrubar as árvores) foi interrompido numa fazenda de gado em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, por agentes do Ibama. Os fiscais chegaram ao local nesta quarta-feira (20) de helicóptero e encontraram 233 hectares (2,3 milhões de m²) de mata derrubados. Foram apreendidos dois tratores e 800 metros de corrente.

O responsável pela área levou multa de R$ 1,1 milhão. Segundo o Ibama, ele declarou ser dono de 20 mil hectares (200 km²) de terras na região no Cadastro Ambiental Rural. O órgão ambiental desconfia de que ele esteja tentando grilar essa área. A zona desmatada foi embargada e não poderá ser alvo de regularização fundiária, informa o órgão ambiental.

sábado, 9 de julho de 2011

REVISTA ÉPOCA: OS NÔMADES DE BELO MONTE

A história dos migrantes atraídos pela terceira maior hidrelétrica do mundo. E o drama dos moradores que deixam o sossego de suas casas para dar lugar aos canteiros de obras da usina (Revista Época, Aline Ribeiro (texto) e Filipe Redondo (fotos), de Altamira, 9.07.2011)


OS SEM-PALAFITA – O garoto Rafael em frente ao quarto alugado onde mora com a família. Com a obra, o local vai ficar embaixo d’água

O vaivém de carros na estrada que liga as cidades de Altamira e Vitória do Xingu, no Pará, ficou mais intenso no último 9 de junho. Naquela noite, à beira do asfalto, o empreendedor Adão Rodrigues inaugurava mais um de seus negócios itinerantes. A faixa na entrada da casa lhe parecia clara o suficiente: “Estreia hoje a Boate da Noite”. Nem todo mundo, entretanto, entendeu do que se tratava. Afoitos com a novidade, muitos dos frequentadores chegaram acompanhados de suas mulheres. Só quando avançavam pelo portão notavam que aquela não era uma balada qualquer, e sim o novo bordel da cidade. Os casais permaneceram com a devida autorização do dono. A restrição mesmo veio por parte dos namorados ou maridos, que tapavam com as mãos os olhos de suas respectivas no clímax da noite, o striptease das princesas da casa. O pecado de Adão Rodrigues, nesse caso, foi tropeçar no linguajar regional. Paranaense de nascimento, ele não reparou que no Norte do Brasil prostíbulo se chama brega. Boates lá são sinônimos de danceteria, onde as companheiras de vida são bem-vindas.


DIVERSÃO GARANTIDA – À esquerda, o empresário Adão Rodrigues com a família em sua nova casa em Altamira. À direita, a prostituta M. durante um striptease na Boate da Noite. Eles migraram para o Pará com um objetivo comum: ganhar dinheiro com a chegada dos homens atraídos pela usina de Belo Monte

O engano de Rodrigues ilustra o choque cultural (e social) entre a população nativa e os migrantes atraídos pela maior obra de infraestrutura do Brasil. Altamira, além de acolher a Boate da Noite e ter o título de maior município do mundo (sua área é superior à de Portugal ou da Áustria), é palco da construção da usina de Belo Monte. Trata-se do principal investimento do governo federal, emperrado por pelo menos três décadas sob acusações de ameaçar o Rio Xingu, os índios e os ribeirinhos. No começo de junho, o empreendimento – que deve ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e de Itaipu – recebeu sua licença de instalação. O aval liberou a ocupação dos canteiros de obras. Começam agora a chegar à cidade as máquinas parrudas. Junto com trabalhadores e comerciantes visionários.
O município, com uma população estimada em 100 mil pessoas, já recebeu 20 mil desde o anúncio da obra. A revolução em Altamira está só começando. No pico da construção, previsto para 2013, em torno de 19 mil barrageiros serão contratados. Com eles, chegarão mais famílias, comerciantes, potenciais funcionários de empresas periféricas que servem a obra. À rodoviária ou aos aeroportos, homens e mulheres chegam – inclusive de outros países – à procura de emprego. Dezenas de trabalhadores viajam diariamente para a região de Altamira em busca de oportunidades – frequentemente ilusórias. Segundo estimativas, a cidade pode ganhar mais 80 mil habitantes no auge da obra. O fluxo lembra outros fenômenos amazônicos, como a corrida do ouro, que nos anos 1980 chegou a atrair 100 mil garimpeiros para Serra Pelada, deixando um rastro de destruição, violência e pobreza. Agora, a 610 quilômetros ao norte, em Altamira, uma nova invasão se anuncia. E, apesar dos anos de planejamento de Belo Monte, a região não parece preparada para recebê-la.
Rodrigues e a família aportaram há três meses em Altamira, depois de 1.800 quilômetros de terra pela Transamazônica, 158 pontes de madeira enjambradas (contadas pela mulher, Solide Fatima Triques) e um pedágio pago a um líder indígena. Aos deslocamentos populacionais puxados pelas obras de engenharia, os responsáveis pelo lazer chegam primeiro. Rodrigues tem um currículo robusto no que diz respeito a entreter os trabalhadores das barragens, os chamados barrageiros. Começou operando máquinas no canteiro de obras, mas logo descobriu que a atividade paralela dava mais dinheiro. Agora, faz casas noturnas perto das usinas. Ele diz que já fez as malas pelo menos 14 vezes no decorrer de seus 50 anos, atrás das hidrelétricas. “Não tenho apego a bens, encaro tudo como uma aventura”, diz. Em sua última viagem, deixou seu cabaré ao lado da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, para tocar um negócio mais promissor em Belo Monte. É o mesmo roteiro seguido agora por seus clientes. Rodrigues pretende abrir outros dois prostíbulos e dois hotéis ao lado da usina. “Vamos ganhar dinheiro com esta obra por pelo menos dez anos”, afirma.


DE PAI PARA FILHO – O barrageiro Divino Junior em Altamira. Ele e sete irmãos seguiram o ofício do pai: construir as grandes obras

Os sinais de oportunidade em Belo Monte repercutem longe. A prostituta M. teve notícia do frenesi econômico a mais de 4.500 quilômetros de Altamira. Até maio passado, ela vivia do Paraná. Lá, uma colega comentou sobre as vantagens de trabalhar próximo às construções. Também garota de programa, a moça havia acabado de voltar com dinheiro de Rondônia, mais precisamente dos quartinhos do antigo cabaré de Rodrigues. “Ofereci R$ 200 para quem conseguisse o novo telefone do dono da boate”, diz M. Em uma tarde de descanso na Boate da Noite, ela interrompe a troca de esmalte da mão (“por um azul que está usando muito”) para pontuar as diferenças da clientela paraense: “Os homens aqui são mais brutos, chegam a ser agressivos. Mas eu vim para cá atrás de dinheiro, não dá para ficar com frescura”. Com o dinheiro, M. quer comprar uma casa para viver com seus dois meninos, de 6 e 7 anos, segundo ela, roubados pelo ex-marido depois da separação.
Existem dinastias especializadas em seguir as grandes obras. Como a do barrageiro Divino Junior, de 31 anos. Ele tem 16 anos de experiência em carteira na construção de hidrelétricas. Diz que seu pai sempre trabalhou construindo usinas e passou o ofício para oito dos dez filhos, inclusive as mulheres. “Filho de barrageiro é criado no mundo”, afirma Junior. “Cada um de meus irmãos está em um Estado diferente. A gente só reúne a família quando coincide de trabalhar num mesmo lugar.” Junior chegou a Altamira junto com dois amigos barrageiros no começo de março. Deixou um salário bruto de R$ 9 mil na hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, e seguiu de carro pela Transamazônica  numa viagem de quatro dias. A troca faz sentido no longo prazo: a obra de Jirau deverá acabar em 2016, a de Belo Monte vai durar até 2019. Mas Junior ainda não foi contratado. Das 11 barragens que já ajudou a erguer, guarda as lições do submundo das usinas. “Dentro dos alojamentos, você tem de ver e fingir que é cego. Ouvir e fingir que é surdo”, diz. Junior conta que em Jirau, divisa com a Bolívia, toda semana um ou outro trabalhador vai até o país vizinho para comprar ilegalmente a “ponta 40”, uma pistola de uso militar. Muitos dos contratados pelas empreiteiras são ex-presidiários. É um incentivo à reinserção na sociedade. Porém, parte deles acaba em atividades ilícitas, principalmente no tráfico de drogas. “Eu era chefe de um ex-presidiário que traficava na obra. Quando quis demitir, ele me ameaçou de morte”, afirma. “Só nas hidrelétricas de Rondônia vi morrer uns 30.”
A experiência de Junior mostra as perspectivas econômicas trazidas pela obra. Mas também que elas não se concretizam se a região estiver despreparada para transformar os investimentos em melhorias permanentes. Os sinais em Altamira são preocupantes. A começar a recepção aos migrantes. Muitos deles, sem condições mínimas para se manter, vão parar em abrigos municipais. Outros se empoleiram em palafitas alugadas, sem água encanada ou esgoto. Altamira, hoje, não comporta os recém-chegados. Para conseguir um hotel, é preciso ligar com mais de uma semana de antecedência. Encontrar um pé de alface a um preço acessível é um golpe de sorte. “O município não está preparado para receber este empreendimento”, diz Odileida Sampaio, prefeita de Altamira pelo PSDB, enquanto arruma os bobes do cabelo. “Precisamos de desenvolvimento. Caso contrário, em dez anos as pessoas vão pegar suas malas e ir embora. Deixando só os impactos aqui.”
Se durante o dia Altamira tem o agito de um novo polo migratório, quando a noite chega ela é tomada por uma tensão velada, especialmente nos bairros mais pobres. Na madrugada, só gatos e cachorros perambulam pelas ruas. Há notícias de traficantes assassinados toda semana. O crack e o óxi (uma droga mais destruidora) se disseminam rapidamente. “De fevereiro para cá, quando as pessoas começaram de fato a chegar, a criminalidade dobrou”, afirma Cristiano do Nascimento, superintendente da Polícia Civil. Os reflexos na saúde s também já são sentidos. O número de internações e atendimentos em postos médicos aumentou. A solução seria preparar a cidade para o novo contingente. Mas há um descompasso entre a chegada de recursos para sanar os problemas socioambientais e o início do empreendimento. “Você só pode adquirir financiamento depois que todas as licenças ambientais saírem”, afirma Carlos Nascimento, presidente da Norte Energia, responsável pela obra. “Até outubro, quando deverá ser liberado o aporte maior do banco, vamos usar o dinheiro dos investidores para reduzir os impactos.”


MIGRAÇÃO FORÇADA – No sentido horário: enquanto as mulheres lavam roupa, um menino se refresca num afluente do Rio Xingu. O agricultor Antônio Sales, recém-indenizado pela usina, colhe o cacau. Tem medo de ser assaltado. E Maria Terezinha com a família durante uma pausa na limpeza do terreno recém-invadido. Todos eles deixarão suas casas para dar lugar à hidrelétrica

Enquanto muitos migram para a cidade em busca de uma vida abastada, milhares de moradores da cidade começam a fazer um movimento diferente: deixar suas casas para dar lugar à usina. Serão nômades por falta de opção. A hidrelétrica vai desapropriar 7.900 imóveis, entre rurais e urbanos. Até o começo de julho, só 159 haviam sido indenizados. As famílias terão de sair porque moram em locais que vão ser alagados pela represa. Ou em terrenos afetados pela obra. A comunicação precária entre a Norte Energia e os atingidos da barragem gera insegurança em Altamira. No mês passado, cerca de 2 mil famílias invadiram um terreno privado para consolidar uma ocupação irregular. Muitas para especular com a terra apropriada. Outras por medo do futuro. Maria Terezinha de Souza, de 49 anos, vive em uma palafita no bairro do Açaizal, que pode ser alagado por Belo Monte. Movida pela ambição de ter um lar seco e pela incerteza de seu destino, tirou seu foice do armário e partiu para picar o mato. Queria garantir um pedaço de chão. “Vi na televisão que o pessoal estava invadindo”, diz ela. “No outro dia de manhã, vim com a família toda.” Agora, Maria faz vigília para não perder seus cinco lotes recém-tomados.


OS SEM-RIO – O agricultor José Alves navega com sua canoa a gás. Ele mora na Volta Grande do Xingu, um trecho do rio que pode secar

A notícia das transformações em Altamira chegou às tranquilas casas ribeirinhas, isoladas da cidade pelo rio. Ali, o único receio até então eram os rumores de onça rondando as criações. Agora a conversa mudou: fala-se em assalto, assassinato, drogas. O agricultor Antônio Sales, nascido há 57 anos e criado à beira do Rio Xingu, acaba de receber uma indenização para desocupar suas terras. Mesmo com insistência, ele não aceitou aparecer na foto da reportagem. Está com medo. O vizinho, também indenizado há pouco, foi assaltado em Altamira enquanto abastecia sua moto. “Cabra com dinheiro tem de ficar é longe da cidade”, afirma Sales. Até negociar sua indenização, ele nunca tinha lido um número tão grande acompanhado de cifrão. Leva uma vida simples, a da agricultura de subsistência, dos causos contados na porta de casa à luz do lampião. Os temores, supostamente trazidos pela usina, vão além dos ladrões. Sales está apreensivo com o futuro. “Se brincar um pouquinho, o dinheiro não dá nem para recuperar o que tenho”, diz, referindo-se a sua casa e aos 3 mil pés de cacau da propriedade, de onde tira o sustento das sete pessoas da família. “Eu não tenho profissão senão trabalhar. Preciso da terra para dar de comer.” Segundo Sales, a empresa não ofereceu auxílio para comprar um novo terreno.
Grandes obras como a usina Belo Monte são propulsoras de um movimento constante de vidas. Há os que chegam e os que saem. Outros não sabem se vão ou se ficam. É assim com o agricultor José Alves, de 59 anos, dono de um sítio em um trecho do rio chamado Volta Grande do Xingu. Como a obra vai desviar o curso natural do Xingu, cerca de 100 quilômetros do rio na Volta Grande terão redução drástica no volume de água. Os cientistas têm dúvidas de que será possível navegar naquele pedaço – o que mudaria a rotina dos milhares de pessoas, inclusive duas etnias indígenas. A empresa só considera afetadas pela construção as áreas alagadas do entorno. As regiões secas serão secundárias na redução de impactos. Alves se mantém na condição estática não somente por desconhecer se poderá percorrer o Xingu com seu barquinho. Mas também pela indefinição sobre sua moradia. Até agora, a Norte Energia não decidiu o que fazer com ele e os vizinhos. E Alves ainda não sabe se será, ou não, mais um migrante da usina de Belo Monte.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

6ª ROMARIA DA FLORESTA – 21 A 24 DE JULHO DE 2011

 
Está chegando a 6ª ROMARIA DA FLORESTA em Anapu. Essa Romaria nasceu a partir do assassinato da missionária Dorothy Stang em12 de fevereiro de 2005.
É um momento de profunda espiritualidade em que toda a comunidade unida caminha durante três dias, percorrendo 55 Km.da cidade de Anapu até PDS Esperança, para reafirmar o seu compromisso com a luta pelo direito à terra e em defesa da floresta. A Romaria tem sido uma vivência profética na qual se anunciam as boas novas alcançadas pelo povo ao longo de sua caminhada e se denunciam todas as violações e injustiças sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras rurais daquela região.

PARTICIPE DESSE MOMENTO MÁGICO CHEIO DE MÍSTICA E MUITA ALEGRIA.

DOROTHY VIVE! SEMPRE! SEMPRE! SEMPRE!
 
COMITÊ DOROTHY

quinta-feira, 7 de julho de 2011

FORT XINGU FARÁ MOBILIZAÇÃO EM FAVOR DAS FAMÍLIAS DE ÁREAS DE RISCO DE ALTAMIRA

O Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (FORT Xingu) está preparando uma grande mobilização em defesa das mais de seis mil famílias que residem em áreas de risco em Altamira e que terão suas casas alagadas pelo reservatório da hidrelétrica de Belo Monte. O fórum, que reúne mais de 170 entidades da região, vai cobrar publicamente a Norte Energia, responsável pela usina, o cumprimento das medidas de apoio e definição do destino destas famílias.

A mobilização inclui uma intensa campanha de publicidade com a veiculação de mídia em centenas de outdoors em Altamira a região, cobrando da Norte Energia uma definição da situação destas quase 30 mil pessoas. A mensagem será forte. A mídia deve contar imagens das palafitas onde a maioria das famílias reside e a pergunta: Até quando? , além de uma frase exigindo da Norte Energia que cumpra com o que determina os estudos de impactos ambientais e o Plano Básico Ambiental de Belo Monte.
De acordo com Vilmar Soares, coordenador geral do FORT Xingu, o objetivo da mobilização é sensibilizar os diretores da Norte Energia para que a empresa acelere as decisões a respeito do cumprimento dos compromissos com estas famílias. “Muito se fala que estas pessoas vão morar em um bairro novo, com toda infraestrutura e moradias dignas, mas a verdade é que até o momento não se definiu nada. Estas pessoas são o lado mais fraco deste processo e não podem ficar por último, tem que ser os primeiros a serem atendidos, até porque serão os mais afetados”, explica Vilmar Soares.

O coordenador informa que além da campanha publicitária, o FORT Xingu também vai coletar milhares de assinaturas em um abaixo-assinado, pedindo que a Norte Energia defina as áreas para onde as famílias serão realocadas e que esta definição atenda o que determina o EIA/RIMA e o PBA. De acordo com estes estudos, estas pessoas não podem ser transferidas para áreas fora do núcleo urbano de Altamira nem muito distante do local onde vivem hoje. “Sentimos que estão empurrando com a barriga esta definição e não vamos aceitar isso”, garante Vilmar Soares.

Ele também garante que o abaixo-assinado será encaminhado para o governo federal, o Ibama e também para o Ministério Público Federal. “O FORT Xingu tem em sua composição dezenas de entidades de bairros que representam estas famílias. Não vamos permitir que os compromissos sejam esquecidos e se necessário vamos recorrer ao Poder Judiciário, através do Ministério Público Federal e com ações para que a Norte Energia cumpra com as sua s obrigações perante estas famílias”, finaliza Vilmar Soares.
Fort Xingu

SINDICALISTA SANTARENA SOFRE AMEAÇAS DE MORTE

Sindicalista santarena sofre ameaças de morte
Ivete Bastos
"Eu perdi parte da minha liberdade' diz Ivete.
Depois de várias mortes de ativistas ambientais e trabalhadores rurais na região norte, a justiça ordenou a proteção policial de 131 pessoas consideradas ameaçadas.

A escolha das pessoas foi realizada a partir de dados fornecidos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) ligada à igreja católica, e por meio de movimentos de trabalhadores rurais com registros da ouvidoria agrária nacional e da secretaria de direitos humanos.

No baixo Amazonas três pessoas integram a lista dos protegidos por lei.
A ex-presidente dos trabalhadores rurais de Santarém, Ivete Bastos é sindicalista há muitos anos e por isso, compõe a lista de ameaçados. Há quatro anos ela vive sob proteção policial 24 horas, mas não deixa de lutar pelas causas ambientais e pela garantia dos direitos dos trabalhadores rurais.

“Eu perdi parte de minha liberdade, eu até determinado momento eu acabei dizendo não, que não queria, eu não aceitava a proteção policial, mas depois chega num momento que eu descobri que eu estava realmente passando sério risco de vida. Chegaram até a me mandar um recado que minha morte não seria uma morte rápida, seria uma morte lenta. A partir desse momento que eu passo a ter regras pra viver, pra limitar minha família ou a presença da minha família próxima de mim, então não tem como a gente possa se sentir um ser humano normal.” Conta a sindicalista.
Estado do Tapajós

OUVIDOR AGRÁRIO PARTICIPA DE REUNIÕES NO PERÍODO DE 12 A 15 DE JULHO PARA DISCUTIR QUESTÕES AGRÁRIAS

Entre os assuntos em questão, estará a construção do Fórum Agrário de Altamira

O ouvidor agrário do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), desembargador Otávio Marcelino Marciel, participa de 12 a 15 de julho de reuniões com a Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, que tem a frente o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho. As reuniões serão realizadas nos municípios de Belém, Barcarena e Castanhal.

A primeira reunião será no dia 12 de julho, às 10h, no auditório do Ministério Público de Barcarena. Na pauta, os conflitos agrários e a violência no campo que envolvem os ribeirinhos e trabalhadores rurais da região ligados a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf).

No dia 13 de julho, às 9h, a reunião acontecerá no gabinete do procurador Geral de Justiça do Pará, Antônio Eduardo Barleta de Almeida. A pauta tratará do andamento dos processos e inquéritos policiais concernentes a homicídios de trabalhadores rurais. Às 13h30, haverá reunião no gabinete da vice-presidente do TJPA, desembargadora Eliana Abufaiad. Entre os assuntos em questão, estará a construção do Fórum Agrário de Altamira e o fornecimento de recursos humanos.

A agenda segue, às 16h, com reunião no gabinete do Superintendente Regional do IBAMA no Pará, Sérgio Moriyuki Suzuki. O objetivo será discutir a possibilidade de reestruturação do órgão em Altamira. As reuniões do dia encerram, às 17h30, no gabinete da secretária de Estado e Meio Ambiente do Pará, Teresa Cativo, onde discutirão a possibilidade da estruturação das secretarias municipais de meio ambiente.

No dia 14 e 15, a partir das 9h, os integrantes da Comissão estarão presentes no “Mutirão Fundiário” da Vara Agrária de Castanhal. Além disso, discutirão formas para o cumprimento de várias ações de reintegração de posse. 
TJ/PA

OPERAÇÃO LEVA CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA O XINGU

http://midiafree.com/anuncios/wp-content/uploads/2011/01/w_h_rio_xingu560.jpg 


Os municípios no entorno da obra da usina hidrelétrica de Belo Monte já começaram a receber pessoas de vários lugares do país para trabalhar na construção da usina. Sem investimento em ações estruturantes essas cidades virariam um caos. Por isso, a partir de 18 de julho o Governo Federal começa a Operação Cidadania Xingu, uma parceria de mais de 30 instituições federais que vai garantir o desenvolvimento sustentável da região.

Ao todo, serão cerca de 120 medidas, entre as três esferas de governo, para reduzir os impactos socioambientais do empreendimento. De 18 a 23 de julho, governos federal e estadual vão visitar os 11 municípios para fechar a agenda de compromissos entre as partes para a criação do plano de ação para o desenvolvimento dessas cidades. Os temas prioritários desse acordo institucional são a regularização ambiental e fundiária, saúde, educação, seguranças públicas, estradas vicinais e transamazônica.

De acordo com o diretor de Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral, os temas prioritários foram definidos entre as três esferas de governo e essa parceria aumenta a chance de um resultado maior da Operação Cidadania Xingu.

Mutirão

Fechada a parceria entre as três esferas de governo, chega a hora da participação da sociedade no Mutirão Cidadania Xingu. Começando por Altamira, nos dias 3 e 4 de agosto, a população terá acesso à ações imediatas nas áreas social, de regularização ambiental e fundiária e de fomento às atividades produtivas. Até final de outubro, cada um dos 11 municípios serão contemplados pelo mutirão.

A iniciativa segue uma estratégia semelhante à utilizada pelo Governo Federal no Mutirão Arco Verde, nos municípios que mais desmataram a Amazônia. Devido as particularidades de cada cidade do Xingu, os temas prioritários são diferentes em cada cidade. Para a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, agora o Governo Federal chega àquela região, que é fragilizada de ações de saúde, educação, assistência social, de forma organização para levar cidadania e bem estar para a população.

Cidadania

Durante os dois dias de mutirão, a população rural e urbana poderá tirar documentos, como certidão de nascimento e CPF, começar a regularização de suas propriedades, aprender técnicas sustentáveis de produção no campo, tudo de graça. Além disso, também será facilitado a abertura de contas, a movimentação e o crédito bancário, acesso aos benefícios previdenciários e serviços de saúde, vacinação, educação.

Cursos, palestras oficinas, exposições e feiras de artesanato e agricultura familiar também estão previstos no mutirão. Os atendimentos serão realizados em ginásios e escolas dos municípios.

A Operação Cidadania Xingu começa a colocar em prática o Plano de Desenvolvimento Regional do Xingu (PDRS). As duas iniciativas, junto com a criação da Casa do Governo Federal, fazem parte de um pacote de ações do Governo Federal para o desenvolvimento daquela região, com a participação da população na gestão local.

A Casa do Governo Federal vai estabelecer o diálogo permanente com as comunidades que serão afetadas por Belo Monte. A ideia é acompanhar de perto as obras que os empreendedores são obrigados a fazer antes da construção da usina.

O valor total dos investimentos em ações de compensação e mitigação, previstas no licenciamento ambiental e já em andamento, é de R$ 3,2 bilhões. São investimentos em construção e ampliação de escolas, postos de saúde, apoio à segurança pública, saneamento e habitação, entre outras, sob responsabilidade da empresa vencedora do leilão e responsável pela implantação do empreendimento.

Agenda do mutirão
Data Município
3 e 4 de agosto Altamira
8 e 9 de agosto Comunidade da Gleba Assurini
12 e 13 de agosto Brasil Novo
19 e 20 de agosto Medicilândia
26 e 27 de agosto Uruará
2 e 3 de setembro Placas
9 e 10 de setembro Pacajá
16 e 17 de setembro Anapú
23 e 24 de setembro Vitória do Xingu
30 de setembro e 1 de outubro
Senador José Porfírio
7 e 8  de outubro Porto de Moz
14 e 15 de outubro Gurupá



quarta-feira, 6 de julho de 2011

MÁQUINAS PESADAS CHEGAM À REGIÃO DO XINGU PARA OBRAS DE BELO MONTE


 

Um comboio de embarcações desembarcou na manhã desta 3ª feira (5/7), no cais de Vitória do Xingu (PA), 37 máquinas pesadas que irão trabalhar na construção dos primeiros canteiros de obras da Hidrelétrica Belo Monte. Os equipamentos, adquiridos recentemente pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), saíram do porto de Belém na noite da última 6ª feira e chegaram ao destino após mais de 80 horas de viagem.

O carregamento, que chegou acompanhado por duas carretas que irão concluir o transporte das máquinas por meio de estradas vicinais, reuniu 10 tratores, 7 motoniveladoras, 7 rolos compactadores, 5 pás carregadeiras, 5 escavadeiras e 3 retroescavadeiras. Dos cerca de 700 equipamentos do gênero comprados pelo Consórcio Construtor para as obras de Belo Monte, incluídos os caminhões, a metade tem chegada prevista à região até o fim do ano.

Após passarem por inspeção técnica, as 37 máquinas pesadas começarão a operar ainda esta semana nas frentes de trabalho no Sítio Belo Monte, em Vitória do Xingu. As primeiras ações do Consórcio Construtor estão sendo desenvolvidas neste local, desde o último dia 23, com a supressão vegetal e a terraplenagem que antecedem a instalação do canteiro pioneiro, a cerca de 50 km de Altamira.
Blog Belo Monte

segunda-feira, 4 de julho de 2011

GOL DERRUBA POSTE NA TRANSAMAZÔNICA

Acidente causou falta de energia em Anapu

Um gol vermelho que vinha de Belo Monte, atingiu um poste de concreto, o acindente aconteceu à 3 km da sede da delegacia de Polícia Rodoviária Federal, por volta das 20 horas deste domingo (03/07), o poste foi arrancado da base e os vergalhões ficaram retorcidos, as fiaçõs foram parar dentro da água que causaram descargas elétricas perigosas. 

Foto: Felype Adms.
O motorista foi encaminhado para o hospital São Rafael e passa bem, a frente do automóvel ficou completamente destruída, o poste vai precisar ser substituído, segundo informações o motorista estava com visíveis sintomas de embriagues, não se tem informação de vítimas, nem de quantas pessoas estavam no interior do carro.
Altamira Hoje

DEPOIS DE PRENDER MADEIREIRO, DELEGADO TEME SOFRER ATENTADO E PEDE QUE PF VOLTE A ANAPU

Responsável pela prisão do comerciante José Avelino Siqueira, por roubo de 10 metros cúbicos de madeira no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, na zona rural do município de Anapu, no sudoeste do Pará, o delegado Melquesedeque da Silva Ribeiro teme sofrer um atentado e pede que a Polícia Federal (PF) volte a atuar na região.

Conhecido como Junior da Semente, o comerciante é acusado como um dos principais responsáveis por extração ilegal de madeira na regiã. Ele está preso em Anapu desde o dia 26 de junho, quando foi flagrado transportando madeira extraída de forma ilegal.

Marcado por constantes conflitos entre agricultores assentados e madeireiros, o município de Anapu ficou conhecido mundialmente depois do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005.

“Prendemos [Junior Semente] por roubo, não apenas como anteriormente se fez, de tratar o caso como crime ambiental e transporte ilegal de madeira”, explicou Ribeiro. Segundo ele, Junior da Semente já havia sido notificado outras vezes pelo mesmo crime, mas pagava multa e não chegava a ser preso. “Como reiteradamente ele é dado por essa prática aqui no município, decidi por bem fazer uma tipificação que conferisse maior rigor de penalização”, explicou.

Para o delegado, a prisão de José Avelino Siqueira deve acirrar os ânimos entre aqueles que lutam pela preservação da floresta e os madeireiros. Delegado há oito meses e em Anapu desde janeiro, Ribeiro avalia que sua atuação no combate ao tráfico de drogas e ao desmatamento ilegal tem incomodado “pessoas poderosas” na região.

“Aqui na delegacia, vejo que algumas pessoas vêm visitá-lo, pessoas de expressão empresarial na cidade. Então, ele tem mais gente por trás dele nessa extração de madeira. É bem provável que eu venha a ser considerado inimigo desse pessoal e a situação exige a participação de outras autoridades”, disse. “Acredito que o município deveria receber um pouco mais de atenção da PF sim. Até porque a gente está tentando implementar a legalidade e isso soa como errado”, acrescentou.

O deltentando fazer egado disse não ter dúvida de que passará a ser alvo de atentados após a prisão. “Com certeza absoluta [temo pela minha vida]. Quando cheguei aqui, a média de presos na delegacia era de três a quatro por mês. Hoje, estou com 11 presos. Já houve duas tentativas de fuga, onde tinha grade coloquei laje. Estou um trabalho de restabelecimento da ordem. Temo receber ameaças de diversos setores”, afirmou.
 Agência Brasil

sexta-feira, 1 de julho de 2011

BELO MONTE: CONSÓRCIO CONSTRUTOR INICIA OBRAS PARA INSTALAÇÃO DO CANTEIRO PIONEIRO


Máquinas pesadas e trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) já estão atuando na montagem do primeiro canteiro de obras da Hidrelétrica Belo Monte, na Região do Xingu (PA). O canteiro pioneiro do Sítio Belo Monte começou a ser construído próximo à Transamazônica, no município de Vitória do Xingu, a aproximadamente 50 km de Altamira.

As primeiras ações do Consórcio Construtor têm priorizado a supressão vegetal e a terraplenagem do terreno, que fica próximo ao trecho do Rio Xingu que futuramente irá abrigar 18 unidades geradoras da usina.

Paralelamente à limpeza da área, serão construídos escritórios, ambulatórios médicos, almoxarifado, carpintaria, oficina mecânica, rampas para lavagem de caminhões e máquinas pesadas, refeitório e uma cozinha industrial capaz de oferecer mil refeições/dia.

Os primeiros trabalhadores contratados pelo Consórcio Construtor - grande parte deles capacitados por meio de cursos de formação profissional oferecidos gratuitamente pelo CCBM a moradores de Altamira e região - também estão atuando na montagem de 18 alojamentos climatizados, cada um deles capaz de abrigar 32 trabalhadores, até que as primeiras construções definitivas sejam construídas.


Na próxima semana chegarão ao cais da localidade de Belo Monte equipamentos pesados que foram comprados da Caterpilar pelo Consórcio Construtor. Máquinas como tratores de esteiras e motoniveladoras, entre outras, começarão a ser utilizadas nas obras assim que sejam testadas e aprovadas por técnicos que analisam não somente a sua eficiência operacional, mas principalmente se os equipamentos atendem às exigências ambientais em relação à emissão de gases poluentes.

Capacitação profissional: Paralelamente às obras de instalação do canteiro pioneiro, o programa Capacitar para Crescer, desenvolvido pelo Consórcio Construtor Belo Monte, segue com seus cursos de formação profissional, oferecendo a moradores de Altamira e outros municípios da Região do Xingu a oportunidade de aprender uma profissão e, assim, concorrer a uma das milhares de vagas para o trabalho nas obras civis da terceira maior hidrelétrica do mundo.
FSB Comunicações / Assessoria de Comunicação doConsórcio

PLEBISCITO: PROPAGANDA COMEÇA NO DIA 13 DE SETEMBRO

O calendário aprovado, ontem, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o plebiscito sobre a criação dos Estado de Carajás e Tapajós autoriza a propaganda a partir do dia 13 de setembro, inclusive na internet e com alto falantes e amplificadores de som.

Também a partir dessa data as pesquisas de opinião pública relativas ao plebiscito deverão ser registradas no TRE-PA. Já a propaganda gratuita no rádio e na televisão, a ser transmitida apenas para o Estado do Pará, terá início no dia 11 de novembro, 30 dias antes do plebiscito.
No dia 23 de novembro, o TSE deverá lacrar todos os programas que serão utilizados nas urnas eletrônicas que receberão o voto dos paraenses.

Três dias antes do plebiscito (dia 8), deverão ser realizadas as últimas reuniões públicas e comícios com o fim de fazer propaganda política bem como a divulgação da propaganda gratuita no rádio e na televisão.
Dez de dezembro é o último dia para fazer propaganda por meio de alto falantes ou amplificadores de som. O prazo termina às 22h. Nesse mesmo horário será encerrada a distribuição de material gráfico e a promoção de caminhadas, carreatas, passeatas pelas cidades divulgando mensagens das frentes.

A apuração do resultado começará logo após o término da votação, às 17h.

TRABALHADORES E TRABALHADORAS DE ANAPÚ SE PREPARAM PARA 6ª ROMARIA DA FLORESTA

Em Anapú, os trabalhadores e trabalhadoras do Projeto Sustentável Esperança (PDS) e do Comitê Dorothy Stang se preparam para realizar a 6ª Romaria da Floresta que acontece de 21 a 24 de julho. Serão três dias de Romaria, seguindo um percurso de 55 quilômetros da sede do município de Anapú até chegar ao local onde Irmã Dorothy Stang, religiosa defensora das causas rurais no município, foi assassinada. No final, será celebrada uma missa.

Todas essas atividades têm motivo para acontecer. No último final de semana, os trabalhadores se mobilizaram para impedir que José Júnior Avelino Siqueira, levasse as madeiras as quais ele diz ser dono. Amanhã (2), às 19h, está agendada uma reunião do Comitê em Defesa de Anapú para tratar o assunto.

A questão está acirrada desde janeiro deste ano, quando os moradores do local decidiram acampar em frente à entrada da reserva do projeto como forma de impedir a extração ilegal de madeira apreendida pela Polícia Federal e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A decisão de acampar se deu após audiência realizada em janeiro de 2011, como forma de impedir a entrada dos madeireiros da região. Outra medida foi a contrução de duas guaritas construídas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas até agora, somente uma está em construção.

“Reconhecemos a demora por conta do quadro invernoso que foi muito forte esse ano, e somente iniciaram a construção da primeira guarita em maio. A outra não se tem previsão de quando vai ser construída, no entanto, não vemos agilidade e rapidez na solução dos problemas. A corrupção, violência, ameaça correm rápido frente às ações do governo”, afirma Irmã Jane Dwyer, membro da Comissão de Pastoral da Terra (CPT) e do Comitê Irmã Dorothy.

De acordo com informações do Comitê, cerca de 80% das terras são de floresta legal e protegida pelos moradores da região que defendem a vida e a natureza. “Os trabalhadores esperam por uma solução desde janeiro e até hoje nenhuma providencia foi tomada”, afirma irmã Jane. Ela acrescenta que no último final de semana, seguranças a mando de José Avelino tentaram afastar os trabalhadores para retirar a madeira.

“Entramos em contato com a polícia e ele foi preso. O mesmo já havia sido detido e obrigado a assinar um termo que impedia sua entrada nas terras, mas ele descumpriu a ordem e foi novamente detido. A violência e a impunidade na região deixam a população sem defesa. O povo sozinho não tem força para se defender”, disse a religiosa.